sábado, 8 de janeiro de 2011

Brasil assina acordo com o ESO


No fim do mês de dezembro, o Ministério da Ciência e Tecnologia assinou um acordo de R$ 555 milhões para pesquisa em Astronomia com o ESO - Observatório Europeu do Sul. Válido por 11 anos, o convênio permite que o País participe da construção do futuro superobservatório E-ELT, de 42 m de altura, que deve ser inaugurado em 2021, no Chile. Inicialmente orçado em R$ 1,24 bilhão, o projeto gerou polêmica entre a comunidade científica, além de duras críticas de vários astrônomos, que defendiam que o valor não deveria ser investido fora do Brasil.
"Dentro de qualquer comunidade, principalmente a comunidade científica, que tem recursos escassos, sempre existe uma ampla discussão, e até confrontos, com respeito a projetos de grande custo. Neste caso, os valores foram revisados para baixo, então a crítica de alguns pesquisadores foram úteis no sentido de tornar os valores mais acessíveis à comunidade cientifica. Foram muito importantes. Os críticos permitiram uma negociação no valor e o resultado foi benéfico", diz o professor membro do Instituto de Astronomia (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), Amâncio Friaça.
O Brasil é o primeiro país não-europeu a participar do ESO, que conta com outros 14 países e tem orçamento anual de 135 milhões de euros (R$ 295 milhões). Embora as instalações para a construção do telescópio estejam no Chile, o país serve apenas de abrigo, devido às melhores condições climáticas e geográficas para o estudo da Astronomia.
"Os europeus são aqueles que estão tomando a iniciativa em pesquisa fundamental. Então é importante que o Brasil tenha uma colaboração com eles. As criticas principais são a respeito dos valores envolvidos, mas no momento que você negocia algo mais razoável, você tem um retorno muito grande em uma escala de tempo de uma década, o que pra nós é rápido. Se você lembrar que o Brasil, dependendo da avaliação, é a nona ou décima economia do mundo, ele não pode mais negar recursos para projetos visionários, e quando eu falo visionários, quero dizer projetos de futuro em grande escala", opina Friaça.
De acordo com o docente, o projeto começou a ser negociado em 2009, quando o Brasil sediou a reunião da União Astronômica Internacional, no Rio de Janeiro. Desde então, o debate entre o que seria gasto e o que seria investimento tomou conta da comunidade da Astronomia.
"É importante saber que a gente precisa fazer economia, mas a gente precisa fazer investimento, ou seja, aplicação. Esse tipo de verba, bilionária, representa um investimento de suma importância pra o nosso futuro. Você tem que investir nas instituições do nível mais alto, para você ter um resultado rápido, como uma década. Pra nós, que fazemos pesquisa, 10 anos é um período pequeno, mas em uma década você muda um pais. E não adianta ficar investindo só no que você está acostumado a investir. Você tem que saber que o Brasil é uma economia poderosa e precisa fazer investimentos à altura. Todo gasto em Ciência é investimento, e eles são na casa de bilhões de dólares, não tem muito como fugir disso", completa.
O observatório ESO é um dos mais bem equipados do planetaFoto: ESO/Divulgação
Iniciativa destemida
"De fato, é uma iniciativa brasileira muito destemida, eu diria, porque, apesar de toda a redução de custos que nós conseguimos através das negociações realizadas, ainda assim é um custo bastante elevado", diz o chefe da assessoria de assuntos internacionais do Ministério de Ciência e Tecnologia, José Monserrat Filho."Em compensação, nós vamos ser co-proprietários de toda a infra-estrutura do ESO, principalmente a estrutura que já existe lá no Chile, que são pelo menos 3 conjuntos de observatórios, com telescópios de grande envergadura, além do novo observatório, o E-ELT (European Extremely Large Telescope)."Na opinião de Monserrat, ser um dos donos do equipamento é apenas uma das vantagens do investimento. "Estaremos trabalhando na vanguarda em matéria de Astronomia. Ao mesmo tempo, esses centros e observatórios reúnem cientistas de varias áreas, e haverá um ganho científico para os astrônomos e para outras áreas da comunidade cientifica. Tudo indica que a pesquisa brasileira deve crescer muito".A geração de renda e emprego é mais um dos pontos positivos, pois segundo Monserrat, a construção do observatório demandará o trabalho de diferentes áreas empresariais. "A participação da indústria brasileira será muito importante. Nosso País, que está aqui perto do Chile e é o maior centro industrial do continente, terá mais facilidades e mais competitividade para concorrer e, em boa parte, ganhar as licitações", diz.O acordo ainda precisa passar pelo Congresso, mas já está mobilizando a comunidade cientifica e as entidades representativas do setor industrial, que de acordo com o representante do Ministério da Ciência e Tecnologia, devem ser convidadas em breve a visitar as instalações no Chile."Isso é para que sintam o potencial de trabalho que se tem a fazer lá. Outra coisa que já estamos estudando com o ESO é a organização de estágios para jovens, visitas até do ensino médio, passando pela graduação e doutorado. Ou seja, o Brasil tem muita coisa a fazer para aproveitar essa oportunidade", conclui.
Fonte: Redação Terra.

2 comentários:

  1. Olá, Thainá!
    Você viu aí? Poderá surgir estágios para jovens, assim como você, portanto: fique de olho e quem sabe, poderá lhe surgir uma bela oportunidade. Não é? Tomara! Bom, tudo só se faz, com demanda de tempo (muita gente boa por aqui, tem esse tempo) e... dinheiro! Então, não tem para onde correr... senão por esse caminho que: não sendo mais uma aventura, pois é real, então todo o dinheiro empregado no projeto não será um gasto e sim... um investimento!
    Um abraço!!!!!

    ResponderExcluir
  2. Oi!
    Pois é... Acho que o dinheiro vai ir, mas também vai voltar, investindo na divulgação da Astronomia para o povo brasileiro e dando mais oportunidades pra jovens se interessarem e seguirem isso. É claro que é uma grande iniciativa, é um tanto arriscado entrar de cabeça assim, mas vai ser bom.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...