Olá! Estou re-blogando esse artigo do Blog Observatório Extremo Sul, da minha querida amiga Roberta. Sempre fiquei muito indignada com a educação científica das crianças brasileiras, e também, de outros países. A Ciência é a base da humanidade, dela se abrem novos caminhos, novas oportunidades. Isso deve ser valorizado. E foi exatamente isso que a Roberta indagou em seu Post. Boa leitura à todos, e deixem comentários (:
Hoje vamos colocar em pauta um tema importante para nossos estudos em Educação em Ciências: A Alfabetização Científica dos cidadãos brasileiros.
Certo dia me surpreendi em sala de aula, quando, comentando conceitos de analfabetismo funcional da população do nosso país, (falando da falta de criatividade e respeito com a capacidade intelectual da população, por parte da programação da TV aberta...), falei que há também o analfabetismo cientifico. Os alunos ficaram em silêncio com carinha de “hã?”.
Mais surpresa ainda fiquei eu, de perceber que eles não haviam pensado nisto! E se você, caro leitor também ficou com carinha de “hã”, pense comigo:
Nós, em geral – mas sem generalizar – sabemos explicar como ocorrem fenômenos corriqueiros e que interferem de forma direta nas nossas vidas? Por exemplo, as estações do ano? As fases da Lua?
Não. Isto sequer passa pela nossa cabeça, porque não é nada que se peça em concursos, não precisamos saber disto para realizarmos as atividades básicas de sobrevivência como por exemplo: comer, reproduzir, trabalhar, rezar, viajar... Mas isto é um mero engano...
Se não fosse a curiosidade e insatisfação de muitos homens e mulheres, até hoje estaríamos vivendo em cavernas. Se você também acha que saber “essas coisas” não é importante, pense que, sem o desenvolvimento dos conhecimentos das estações do ano – e do mapeamento do céu pelas cartas celestes, a agricultura estaria ainda condicionada aos Deuses e nossas oferendas...
E, como bem coloca Sagan:
“Não sei até que ponto a ignorância em ciência e matemática contribuiu para o declínio da Atenas antiga, mas sei que as conseqüências do analfabetismo científico são muito mais perigosas em nossa época do que em qualquer outro período anterior. É perigoso e temerário que o cidadão continue a ignorar o aquecimento global, por exemplo, ou a diminuição da camada de ozônio, a poluição do ar, o lixo tóxico e radioativo, a chuva ácida, a erosão da camada superior do solo, o desflorestamento tropical, o crescimento exponencial da população”. (p.22)
A ignorância – ou analfabetismo científico como gosto de dizer – é a causa de nossa falta de conscientização com relação aos problemas ambientais e sociais que estamos vivendo. Com isto, não nos preocupamos (e consequentemente não lutamos) por uma efetiva mudança nas políticas públicas, por exemplo. E é nessa hora que, para mim, Chico Mendes é o grande exemplo. Seringueiro inteligente, usou conhecimentos científicos e os popularizou em favor da mudança e da preservação da Amazônia. O que aconteceu com ele? E o que nós fazemos para evitar que outros “Chicos e Chicas” da Amazônia tenham o mesmo destino?
Eis algo importante para nós, professores de ciências ou não pensarmos. Não defendo a idéia de que a Ciência salva, como bem é possível perceber do texto, penso que AS CIÊNCIAS são uma possibilidade de mudança, de crescimento e de transformação.
Carl Sagan – O Mundo assombrado pelos demônios - 3º reimpressão – São Paulo; Companhia de bolso – 2006.