domingo, 26 de setembro de 2010

As Galáxias do Espaço Exterior

Quando se dirige o telescópio para além das constelações conhecidas, ultrapassando as nuvens de estrelas e os aglomerados mais distantes da Via Láctea, distingue-se um número crescente de manchas difusas e luminosas suspensas no vácuo como teias de aranha. São as galáxias exteriores, também chamadas "universos ilhados". Cada uma delas é composta de milhões de estrelas, tão profundamente enterrados no abismo do espaço que a luz que denuncia sua presença requer milhões de anos para vencer a distância que as separa da Terra. Na bacia da Grande Ursa, ou seja, um retângulo que corresponde apenas 2 milésimos de toda a esfera celeste, observam-se lanpejos de luz muito débeis, que revelam a existência de um grupo de mais de trezentas galáxias. Em comparação, nosso Grupo Local, com seus dezessete componentes, é um aglomerado minúsculo. Em geral, as galáxias do espaço exterior tendem a formar conjuntos de aproximadamente quinhentos membros. Esses agrupamentos, verdadeiras "galáxias de galáxias", são unidos entre si pela gravitação e às vezes se cruzam no curso de suas grandes viagens.

Representação de duas galáxias se encontrando

Galáxia NGS 4594, da constelação de Virgem,
é uma espiral totalmente Bobinada.
Os astrônomos estimam que cerca de 1 bilhão de galáxias se encontram ao alcance dos maiores telescópios. Reconhecem-se três principais categorias: as galáxias elípticas, representando 17 % das catalogadas; as espiraladas, perfazendo 80 %; e as irregulares, completando os 3 % restantes. Como giram em velocidades diferentes, as galáxias elípticas variam de tamanho, passando de esferas perfeitamente simétricas a discos achatados, em forma de pires. Pela mesma razão, as espirais também assumem formas variadas, desde as solidamente bobinadas, passando pelos novelos mais frouxos, como a Via Láctea, até as bem abertas, semelhantes a girândolas de fogos de artifício. O terceiro grupo de galáxias é formado por sistemas irregulares, como as Nuvens de Magalhães. São galáxias disformes, sem núcleo e sem movimento rotativo simétrico.

Uma espiral aberta, com seu núcleo
alongado, roda como girândola
de fogos de artifícios.
Certos astrônomos modernos tentam enquadrar os vários tipos de galáxias numa sequência evolutiva, sugerindo que as galáxias irregulares e turbulentas são sistemas de origem recente, destinados a transformar-se em espirais, de rotação rápida e, posteriormente, em galáxias elípticas de movimento mais vagaroso. Entretanto, a maioria dos astrônomos sustenta que todas as galáxias têm aproximadamente a mesma idade. Afirmam que os vários tipos de galáxias adquiriram sua feição característica em virtude da diferente aceleração que receberam no momento de sua formação. A velocidade inicial de uma galáxia determinou a porção de sua matéria primitiva que aglutinou para formar estrelas e a porção que continuou a vagar livremente sob a forma de nuvens de gás e poeira.

Livro "O Mundo em Que Vivemos"; Abril Cultural, página 20.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Lua e os Planetas vistos de Perto

O lançamento do primeiro Sputnik, em 1957, abriu perspectivas inéditas para a investigação planetária. Os foguetes enviados nos anos seguintes em direção à Lua puderam colocar-se em órbita ao redor desta, fotografando pela primeira vez sua face oculta, até então desconhecida. Posteriormente, a tecnologia evoluiu de tal maneira que foi possível ao homem explorar diretamente a Lua, recolhendo materiais de seu solo, fazendo observações detalhadas sobre suas condições naturais e deixando ali numerosos instrumentos científicos, inclusive estações automáticas móveis, capazes de percorrer dezenas de quilômetros em sua superfície.
Utilizando estes recursos técnicos foi possível estabelecer um mapeamento extremamente detalhado da Lua, comparável ao da própria Terra. A origem das crateras lunares pode ser atribuída com segurança ao impacto de meteoritos de todos os tamanhos. Em alguns casos, os meteoritos tinham massa tão grande, que deram lugar a uma acumulação anormal de massa no centro das crateras produzidas. Essas concentrações de massa puderam ser descobertas devido à perturbação que exercem sobre a órbita dos satélites artificiais da Lua. A instalação de sismógrafos em vários pontos da superfície lunar forneceu informações precisas sobre as camadas interiores do satélite, tornando plausível a hipótese de ainda existir ali certa atividade vulcânica. Além disso, os refletores de raios laser colocados sobre sua superfície permitiram refletir impulsos emitidos da Terra, possibilitando a medida da distância entre os pontos da Terra e da Lua com precisão de decímetros.

Superfície Lunar, fotografada pela espaçonave Apollo 11
mundomelhor96.blogspot.com
Com relação aos planetas, a pesquisa espacial já permitiu acumular dados importantes, embora infinitamente menos detalhados que os obtidos sobre a Lua. Sondas automáticas atravessaram a espessa camada de nuvens que recobre permanentemente o planeta Vênus, fornecendo informações relativamente precisas sobre sua estrutura, massa, temperatura, pressão e também seu campo magnético. Sabe-se, assim, que a atmosfera de Vênus é 15 vezes mais densa que a terrestre; que o seu campo magnético é despresível; que o gás carbônico é o principal constituinte da atmosfera; que esta contém menos de 0,1 % de vapor d' água e, enfim, a temperatura chega a 280ºC junto à superfície do planeta.Marte já foi fotografado a pequena distância, revelando uma superfície bastante semelhante à da Lua. Tanto nas calotas polares quanto nas regiões mais amenas do equador marciano, vêem-se grandes crateras criadas pela queda de meteoritos, levemente erodidas pela atmosfera rarefeita do planeta. Até agora não foi encontrado o menos traço de vida, inteligente ou não, em sua superfície, embora não estivesse excluída a possibilidade de que ele pudesse, de alguma forma, gerar ou abrigar estruturas vivas. Os planos atualmente em curso prevêem a continuação da exploração desses astros e também a dos outros planetas, desde Mercúrio, nas vizinhanças do Sol, até Netuno e Plutão, nos limites mais longínquos do Sistema Solar.

Livro "O Mundo em Que Vivemos"; Abril Cultural, página 32.

As Nuvens Cósmicas


Um dos mais profundos mistérios do Universo são as massas informes de matéria que deslizam no espaço, formando nuvens de gás e poeira. Flutuando entre as estrelas, nos braços das espirais e em grandes porções das galáxias irregulares, esse material denuncia a sua presença quando reflete a luz das estrelas adjacentes ou quando as obscurece atrás de lençóis opacos. Sua densidade é de 1 átomo por centímetro cúbico, o que supera o vácuo mais perfeito produzido na Terra. Entretanto, em algumas regiões, essas nuvens difusas são tão amplas que igualam em massa a totalidade de estrelas próximas.

As nuvens cósmicas são a matéria-prima com que se formou o Universo. Cerca de 10 mil milhões de anos atrás, de acordo com as teorias mais recentes, nossa galáxia era uma fantástica massa de hidrogênio, girando invisível num espaço sem estrelas. À medida que essa nuvem se enrolou, formaram-se turbulências e destas originaram-se turbilhões. Dentro deles, a força da gravidade começou a soldar partículas em corpos cada vez maiores. Depois, quando essas massas em expansão passaram a sofrer a compressão da gravidade, sua temperatura interna elevou-se. Em dado momento, no centro delas, os núcleos atômicos começaram a fundir-se e os átomos de hidrogênio transformaram-se em átomos de hélio. Acenderam-se assim as primeiras estrelas. Segundo se acredita, a Via-Láctea e todas as galáxias formaram-se dessa maneira. Os astrônomos afirmam que, nas imensas nuvens difusas visíveis no espaço, pode estar ocorrendo atualmente o mesmo e lento processo de criação estelar.

Livro "O Mundo em Que Vivemos"; Abril Cultural, página 22.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vizinhos próximos no Espaço

Os primeiros homens a observar o céu, às margens do Eufrates e do Nilo, perceberam que cinco estrelas luminosas mudavam de posição de uma noite para outra, seguindo um caminho aparentemente caprichoso entre as constelações. Os gregos as chamaram de planetai, que significa errantes. Hoje sabe-se que não são verdadeiras estrelas, em combustão no espaço longínquo, mas apenas companheiros frios do Sol, cuja luz refletem, como a Terra. Sabe-se também que, além dos cinco planetas visíveis a olho nu, outros três podem ser vistos ao telescópio. Por estarem próximos da Terra, o homem muitas vezes se perguntou se algum desses mundos vizinhos não abrigaria uma forma de vida semelhante à sua. 
Todas as respostas a essa questão se apóiam num postulado básico da ciência: o princípio da uniformidade da natureza, segundo o qual os elementos encontrados na Terra existem em todo o Universo e obedecem às mesmas leis físicas. Entretanto, a existência de vida nos cinco planetas externos do sistema solar está afastada. Eles são excessivamente frios, pois a temperatura superficial varia de - 110ºC em Júpiter a - 230 no longínquo Plutão (não mais considerado Planeta). Todos eles, salvo talvez Plutão, apresentam-se envolvidos por espessas nuvens de gases tóxicos. Quanto a Mercúrio, além de ser desprovido de ar, suas temperaturas atingem limites extremamente elevados. Vênus está envolto em nuvens de dióxido de carbono. As propriedades isolantes deste gás são tais que a temperatura na superfície do planeta está próxima da água fervente.
De todos os planetas, resta apenas Marte como possível reduto de vida. Embora sua temperatura máxima não atinja 10ºC, podem-se observar variações periódicas de cor neste planeta, semelhantes às produzidas pelas mudanças de estações na Terra. Só se pode afirmar, contudo, que as condições ambientais de Marte possibilitaram a existência de uma vegetação primitiva. Se existirem formas superiores de vida em outro lugar além da Terra, estas devem ser procuradas fora do sistema solar, nas vastidões estreladas da Via Láctea ou nas galáxias distantes.

Livro "O Mundo em Que Vivemos"; Abril Cultural, página 13.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Faixas marrons de Júpiter sumiram por um tempo

A atmosfera de Júpiter é composta basicamente por hidrogênio e hélio, mas também por traços de água, amônia e metano. A velocidade dos ventos supera facilmente os 500 km/h, o que deixa o ambiente bem turbulento. Basta notar os incontáveis vórtices e manchas salpicadas na “superfície”.
A principal mancha, a Grande Mancha Vermelha, é uma tempestade que já dura mais de 400 anos e não dá sinais de enfraquecer. Ela parece estar ficando cada vez mais intensa.
Outro aspecto marcante de Júpiter e sua atmosfera é a coloração das nuvens, basicamente alternando faixas mais claras, quase brancas (chamadas de zonas) e faixas mais escuras e marrons (chamadas de cinturões). As diferenças entre as cores são decorrentes das diferentes composições químicas e as reações que ocorrem na atmosfera. Agora duas das faixas marrons simplesmente sumiram!

Repare na foto direita, na parte debaixo de Júpiter: As faixas marrons
sumiram!
Desde o ano passado já se notava que duas faixas marrons conhecidas como Cinturão Equatorial Sul (SEB, em inglês) estavam sumindo. Agora em maio elas desapareceram de vez. Esse tipo de desaparecimento já foi observado antes em várias ocasiões, mas até agora não há explicações para o fenômeno. Em geral, dura dois anos, mas não ocorre em intervalos regulares.
Uma hipótese para esse sumiço misterioso é que na verdade a SEB esta lá, mas escondida abaixo de nuvens de gelo de amônia, que são mais claras. A questão é saber o que causou o aparecimento dessas nuvens em escala planetária. Uma explicação leva em conta as mudanças na direção dos ventos que trouxeram material rico em amônia sobre a SEB.
Ainda assim, por que o material somente se acumulou sobre essas duas faixas ao sul ? Enquanto teorias são formuladas e debatidas, podemos ver como ficou Júpiter sem esse cinturão sul. Por exemplo, a Grande Mancha Vermelha ficou isolada.
Normalmente essas faixas são bem fáceis de se observar, mesmo em pequenos telescópios. Espera-se que elas reapareçam em um grande retorno. Nas outras ocasiões em que a SEB desapareceu, sua volta foi marcante. De início uma pequena mancha apareceu em Júpiter. Em seguida, uma série de tempestades violentas, com vórtices pronunciados, se espalharam por toda a região sul.
Esse reaparecimento é esperado para qualquer momento nos próximos dois anos. Será um espetáculo acessível para qualquer telescópio de pequeno porte.

Fonte: G1

Nasa descobre dois planetas em trânsito


Concepção artística mostra sistema com dois planetas transitando diante da
mesma estrela
A sonda Kepler, da Nasa, descobriu dois planetas em trânsito, passando pela linha de visão entre a Terra e sua estrela. Os planetas descobertos foram batizados de Kepler-9b, que têm massa um pouco menor que a de Saturno e está mais perto da estrela, com uma órbita de aproximadamente 19 dias, e Kepler-9c, com uma órbita com cerca de 38 dias.
A câmera de precisão da sonda Kepler consegue medir variações no brilho das estrelas, algo que ocorre quando planetas transitam diante dessas estrelas. O tamanho do planeta e sua distância em relação à estrela podem ser avaliados a partir dessas reduções; e a identificação do sistema foi possível após a observação de 156 mil estrelas, trabalho que durou sete meses. A missão Kepler tem como objetivo localizar planetas do tamanho da Terra fora do nosso Sistema Solar.
Segundo Matthew Holman, cientista da missão Kepler do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, em Cambridge, esta é a primeira detecção clara de mudanças significativas nos intervalos de um trânsito planetário para o outro, o que chamamos de variações de tempo de trânsito, e isso é uma evidência da interação gravitacional entre os dois planetas.
Além da confirmação dos dois planetas gigantes, os cientistas identificaram o que parece ser um terceiro planeta em trânsito nas observações do Kepler-9. O sinal é compatível com o de um planeta escaldante com cerca de 1,5 vez o traio da Terra, a uma órbita de 1,6 dias da estrela. Observações adicionais são necessárias para determinar se esse sinal é mesmo de um planeta, ou de um fenômeno astronômico que imita a aparência de um trânsito.


*Com informações do estadão.com.br
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